Ana Maria Brazil Braga

ENTREVISTA COM ANA MARIA BRAZIL BRAGA

EX-ALUNA, EX-PROFESSORA, MÃE DE EX-ALUNOS E AVÓ DO ALUNO PEDRO STEINHAUSER DE PAULA RIBEIRO

 

Trajetória no Andrews

Estudei no Andrews na mesma época que minha irmã Beth, entre 1954 e 1958. Chegamos de Curitiba em 1953. Papai era militar e nós viajamos pelo Brasil acompanhando a família.

Quando terminamos o ginásio, mamãe nos tirou de lá, para não pegarmos modos masculinos. Cada uma de nós foi para um colégio de freiras diferente, em Botafogo. Formei-me como professora e comecei a lecionar, primeiro em um colégio em Botafogo, durante sete anos, e depois no Andrews, por 14 anos, na alfabetização. Primeiro tive um contrato de três meses, substituindo uma professora que estava grávida. No ano seguinte, já entrei como professora de turma.

Contato com ex-colegas

Eventualmente encontro com algum colega na rua, mas não mantenho contato. Eu era muito tímida. Cheguei no Andrews vinda de Curitiba, fiz apenas o ginásio, fui para outro colégio, e a vida seguiu outro rumo. Mas não perdi contato com algumas amigas mais próximas, como a Maria Vitória.

Quando vou ao colégio, eventualmente, encontro professores da época que trabalhei lá, além da família Flexa Ribeiro: Verinha e Carlos Roberto, que era nosso colega de sala. Ele se sentava comigo na carteira dupla. Comprávamos amendoim e pipoca, para comer escondidos. Dividimos muitos saquinhos de amendoim e muitas risadas.

Quando eu e minha irmã, Elizabeth, chegamos no Rio, consideraram que o ensino que tive em Curitiba era mais atrasado. Então, mesmo tendo sido aprovada, me fizeram repetir o ano. Assim, acabamos ficando na mesma turma, e fomos colegas ao longo de todo o ginásio.

 

Por que matriculou os filhos no Andrews

Escolhi o Andrews porque era professora do colégio. Quando meu marido morreu, meus filhos estavam em um colégio bilíngue em Botafogo. Era uma rotina muito difícil, porque eles saíam do colégio ao meio-dia, na São Clemente, e eu tinha que estar à frente da minha turma às 12h20, no Andrews. Eu estava sempre correndo pela rua para não perder o horário.

Até que a Marisa, que era supervisora do Andrews, me chamou e disse: “por que você não matricula os meninos no Andrews?” Então eles vieram, a Anna Paola desde a 3ª série, e o Christian desde o Jardim.

 

Andrews pensa diferente / faz diferença

Desde as classes iniciais, o que se ensina é que eles podem, que eles conseguem. Trabalhei em outros colégios e posso dizer que a forma de ensinar é bem mais antiquada. O Andrews é inovador, aceita novas ideias. Os professores conversam com os coordenadores, sugerem melhorias, eles acatam. Não é como em outros lugares, em que nos dizem: “tem que ser assim, é assim que nós fazemos”. O Andrews é aberto.

A alfabetização no colégio é fortíssima. No mês de junho a criança já está apta a fazer historinhas, a interpretar o texto. A maneira como o colégio ensina desperta o gosto da criança por aprender, e desperta o gosto da professora por ensinar mais.

 

Características que fizeram o Andrews chegar aos 100 anos

São gerações dedicadas à Educação, desenvolvendo um trabalho com seriedade e dando atenção individualizada a cada criança.

Cada criança é um indivíduo que tem que ser visto em separado, com suas características, seus problemas familiares, suas dificuldades. O colégio apoia a criança desde pequenina, cuidando individualmente de cada um. Acho que o grande diferencial é esse. O Andrews ajuda a criar crianças com mentes abertas.  

 

Lembranças e fatos marcantes

Tenho saudades do tempo de ensinar e do tempo que fui aluna.

Quando fui aluna do professor Maia, de Matemática, minhas provas eram dissertações: eu escrevia tudo o que ia fazer, fazia tudo perfeitamente, e errava na última conta da equação. Ele dizia: “eu não acredito... você mostra que conhece o raciocínio, e na hora de fazer a última soma você põe o valor errado!”. Ele sempre tinha o cuidado de vir conversar comigo.

Certa vez, tínhamos que escrever uma redação de 15 linhas. Um colega de turma, que era bom aluno, mas não estava com paciência, virou a folha ao contrário, contou 15 linhas na vertical e escreveu uma frase que ocupava exatamente as 15 linhas. Achei interessante a imaginação dele, de escrever ocupando 15 linhas.

Lembro-me do professor de Desenho, o Sette. Ele nos estimulava. Havia um interesse pelos alunos, assim como depois eu tive pelos meus. Eu me preocupava. Tive alguns alunos difíceis. Um deles era muito levado, não fazia os deveres. A mãe dizia: “o pai o protege, diz que as professoras de hoje em dia não têm paciência”. Ela me pediu para conversar com o pai. Embora esse assunto normalmente seja tratado com a orientadora educacional, como ela pediu eu concordei em recebê-lo. Certo dia, eu estava dando aula, batem na porta e entra um senhor, de barba, terno e gravata, mala de trabalho. “A senhora é a dona Ana Maria?” Eu digo: “sou”. “Tia Ana Maria? Tia Ana Maria!” O pai do menino tinha sido meu aluno, eu tinha alfabetizado o pai e o filho.


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