Bruce Gomlevsky

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Bruce Gomlevsky

Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2008

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Quando e onde nasceu?

 

BG: Nasci no Rio de Janeiro, em frente ao Andrews, na Casa de Saúde São José, no dia 22 de novembro de 1974.

 

Quem foram seus pais?

 

BG: Ronaldo Gomlevsky, advogado, foi presidente da Comunidade Judaica da FIERJ por alguns anos, vereador do município do Rio de janeiro, é editor da principal revista da comunidade judaica, a Menorá. Minha mãe, Rosália Muristein, é psicanalista, carioca, poeta.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

BG: De um a cinco anos estudei em uma creche em Botafogo. Entrei em 1981 no Andrews, no CA (Classe de Alfabetização), e cursei até o vestibular.

 

Você se lembra desse tempo do CA?

 

BG: A Conceição foi a minha professora do CA. Até hoje tenho amigos dessa época, inclusive meu melhor amigo. Ficávamos no prédio da frente da Visconde Silva, no segundo andar.

 

Quais os professores que mais se destacaram para você?

 

BG: Tive professores interessantes, espero não esquecer ninguém. Tive a Aline na primeira série e a Gilda na segunda série. Também marcaram muito a Salvadora, de Ciências, o Elvécio, de Educação Física, o Rogério, a tia Lindita, que era coordenadora, o George Miguel, coordenador.

 

Como foi sua mudança para a Praia de Botafogo?

 

BG: Era um ritual de passagem muito significativo. Quando fui para a Praia de Botafogo, comecei a ir ao colégio sozinho, de ônibus. Era o início da minha pré-adolescência, um momento de mais responsabilidade. Dessa época, lembro do professor Luís Mauro, de Biologia, da Ester, de Biologia, do Toninho, de Química, do Lula, de História, do Carlão, de Física, da Teresinha, de Português, da Marise Castrupe. Tinha também o Paulinho, porteiro, que era muito próximo de nós. O Gustavo Gasparani foi fundamental na minha formação, ele era professor de Teatro. Eu comecei a fazer teatro no Andrews.

 

Você me disse que tem amigos até hoje dessa época do Andrews, você poderia citá-los?

 

BG: Meu melhor amigo é o Rafael Federige, foi aluno do Andrews, estudou comigo desde o CA, hoje é advogado e mora em São Paulo. O André Gervase, o Jonas Rocha e o Flávio Pinheiro também são grandes amigos.

 

Teve algum fato curioso ou engraçado que ficou marcado para você do colégio?

 

BG: Eu era uma pessoa bem popular na escola porque era do Grêmio, tocava violão no pátio e por isso conhecia gente de todas as séries.

 

Quando você começou a fazer teatro, o TACA?

 

BG: No primeiro ano colegial. Fui da primeira turma do Gustavo Gasparani, que tinha sido aluno do Miguel Falabella. Na época eu era músico, mas pensei em fazer Teatro, ocupar as minhas tardes. Eu era muito bagunceiro, mas com o tempo fui me apaixonando por aquilo de tal maneira que me envolvi completamente.

 

Quais as peças que você fez no TACA?

 

BG: Fiz três peças. A primeira, em 1990, foi A comédia dos erros, de Shakespeare. Eu fazia um dos protagonistas. Em 1991, fizemos A aurora da minha vida, e no ano seguinte, uma peça que foi um marco na escola: Hair. O Pedro Flexa Ribeiro foi fundamental no processo da peça, porque ele acreditou. Ficamos um mês em cartaz, várias celebridades foram ver a peça, teve uma projeção fora do colégio, saíram matérias no Globo, no JB. Nunca tinha acontecido isso. Naquele ano, 1992, coincidentemente eu estava fazendo vestibular, e decidi ser ator.

 

 

O colégio teve alguma influência em sua escolha de profissão?

 

BG: Se há algo que o Andrews me legou foi a paixão pelo Teatro. Escolhi minha profissão ali, me apaixonei, fui infectado pelo vírus do teatro. Graças ao Gustavo, ao Pedro e ao colégio.

 

Você foi fazer vestibular para que?

 

BG: No terceiro ano, voltei para a Visconde de Silva. Estudava de manhã e ensaiava o Hair a tarde inteira na Praia de Botafogo. Só fiz vestibular porque minha família me pediu, para comunicação na UFRJ. Apesar de não ter estudado, passei muito bem porque sempre fui ótimo aluno.

 

Você chegou a cursar a faculdade?

 

BG: Só seis meses. Depois entrei para a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), que é uma escola técnica de teatro. Estou fazendo, em 2008, 15 anos de carreira.

 

Você ainda mantém contato com o Andrews?

 

BG: Mantenho contato porque meu filho, Nicolas, estuda no colégio. Visitei várias escolas a pedido da minha mulher, mas ela acabou cedendo depois de ver a escola. O Nicolas está lá há dois anos.

 

Você vê muita diferença do ensino da sua época para o do seu filho?

 

BG: É difícil dizer isso porque não estou lá como aluno, agora tenho a visão de pai, mas estou muito feliz com ensino que ele está tendo, acompanho o programa da escola, o que ele está fazendo.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam. O que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai completar 90 anos em 2008?

 

BG: Tradição, competência, carinho com os alunos. Não é à toa que vários ex-alunos colocam os filhos lá para estudar. É um colégio que consegue criar esse ambiente, ser uma extensão da sua casa.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews em sua vida?

 

BG: Tive um ensino muito bom, em todas as matérias, na formação que é necessária a um ser humano no Brasil. Eu sou um privilegiado por ter podido estudar lá. É considerada uma das melhores escolas particulares do Rio. Pouca gente tem o privilégio de escolher sua profissão no Teatro já na escola. Existe uma tradição de artistas que saíram do Andrews: Miguel Falabella, Maria Padilha, Marisa Monte, Frejat, e outros.

 

Você participou dos festivais de música do Andrews?

 

BG: Na minha época havia os saraus. Eu organizava os saraus porque era do grêmio, nos anos de 1990 a 1992. Participava também da publicação do jornal do grêmio, o DR0. Eu tentava movimentar a escola.

 

Como eram organizados esses saraus?

 

BG: A escola tinha um ambiente muito propício à formação de bandas, havia vários músicos adolescentes e bandas da escola. Organizávamos o sarau vendendo convites para os alunos. Eram eventos anuais ou semestrais, porque demandavam uma grande produção, tínhamos que montar um palco no pátio, alugar som. A escola também tinha um violão, que rodava de mão em mão no recreio na Praia de Botafogo. Juntávamos 50 pessoas em uma roda e ficávamos cantando.

 

Você quer acrescentar alguma coisa?

 

BG: Estou tentando me lembrar dos professores. O Sena foi um professor maravilhoso de Literatura, o Loureiro, de História, o Ivan, de Geografia, o Léo, de Matemática, o Sérgio Nogueira, de Português.O importante é que o Andrews é uma escola laica, muito democrática, convivi com todo tipo de gente, e isso é muito enriquecedor para qualquer ser humano. É uma pena que a maioria da população brasileira não tenha acesso a esse tipo de educação. Sinto-me privilegiado por ter podido estudar nessa escola, e também por poder propiciar aos meus filhos esse tipo de educação de primeiro mundo.

 

Muito obrigada, Bruce, pelo seu depoimento.

 


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