Carlos Flexa Ribeiro

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Carlos Flexa Ribeiro

Rio de Janeiro, 25 de abril de 2008

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Quando e onde você nasceu?

 

CFR: Nasci no Rio de Janeiro, no Hospital Samaritano, no dia 5 de fevereiro de 1967.

 

Quem foram seus pais?

 

CFR: Edgar Flexa Ribeiro e Adriana Gioto Flexa Ribeiro.

 

Qual a profissão deles?

 

CFR: Ambos advogados.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

CFR: Fiz o maternal no Colégio Nise Cardoso, que funcionava na rua das Palmeiras, em Botafogo. De lá fui para o Andrews, onde cheguei em 1970.

 

O que você se lembra dos primeiros tempos do colégio na Visconde de Silva?

 

CFR: O Colégio Andrews sempre esteve na minha vida, desde o berço. O terreno na Visconde Silva era bem menor do que hoje, basicamente a casa original. Era muito bucólico. Fiz no Jardim de Infância meus primeiros amigos, que duram até hoje.

 

Quem são eles?

 

CFR: Meu primo, Guilherme Pinto, que foi meu colega desde o primeiro dia. Estudamos na mesma turma o tempo todo, exceto por um ano em que ambos fomos morar nos Estados Unidos, fazendo um programa de intercâmbio, no segundo grau. Além dele, amigos como Pedro Mariani, Luis Fernando Fabriani, Fernanda Barbosa, Lorena Maza. Essa turma até hoje eu encontro e é sempre uma celebração.

 

E de seus professores desses primeiros tempos, você se lembra?

 

CFR: A Ângela, a Magda, que hoje está na Andrews Baby, minha professora na primeira série, a Gilda Freitas, que me alfabetizou e depois saiu do colégio. A Arminda, depois a Edith, a Olga, já na terceira série. Cada professor, na sua época, foi muito marcante. O Léo de Abreu, o Arnaldo Struzberg, a Julieta, professora de Português do segundo grau.

 

Quando você mudou para a Praia de Botafogo?

 

CFR: Na sétima série.

 

Como foi essa mudança? Muitas pessoas que entrevistei falaram que foi uma coisa muito marcante, foi assim para você?

 

CFR: Não. O colégio sempre foi uma extensão da minha casa. Sempre tive liberdade de andar pelo colégio como mais ninguém andava, porque ia ver meu pai na diretoria em um momento de celebração e não em um momento de repreensão, como normalmente os outros visitavam o diretor da escola. Também tive um contato muito próximo com a administração do colégio. Eu conhecia pelo nome e pela voz as telefonistas, porque ligava para lá diversas vezes. Quando acabavam as aulas, eu pegava carona com meu avô para ir para casa, pois nós morávamos na mesma rua.Quando cheguei à Praia de Botafogo, eu já conhecia aquilo tudo, já estava ambientado. É claro que, fora esse aspecto pessoal, a Praia era um ritual de passagem. Era um pouco perder a inocência da infância, que ficou na Visconde de Silva entre aquelas mangueiras. Na Praia de Botafogo tinha os alunos mais velhos. Era uma época de adolescência, em que as meninas e os meninos que estavam dois anos à frente pareciam mulheres e homens, pessoas que já estavam passando para outra fase.

 

Você se lembra de algum fato engraçado ou curioso dessa época?

 

CFR: Lembro de uma experiência na qual resolveram deixar tocar, durante o recreio, alguma rádio. Obviamente, deu uma confusão danada, porque o recreio não cabia em todos os gostos musicais, nem em todas as rádios do dial. Foi uma experiência que não funcionou. No campo da Praia de Botafogo era permitido jogar futebol na hora do recreio, e ao mesmo tempo o lanche era servido na cantina. Então, volta e meia alguém dava um chute em direção ao gol e a bola entrava cantina adentro. Até que um dia alguém chutou uma bola mais forte e quase pegou no meu avô. Com isso, o futebol foi encerrado e substituído pelo vôlei. Curiosamente, apesar de ter sido sempre muito fraco em matéria de futebol, o Andrews conseguiu no vôlei certa expressão, tinha um time que conseguiu algum sucesso entre os outros colégios. O time tinha o Chiquinho e o Murilo Reis (filho do professor Carlos Reis e meu colega a vida inteira). O coordenador da época era o professor Jorge, pai do Valter Luz, que também era um ótimo professor do colégio.Naquela época, na sétima e oitava séries, as aulas eram na parte da tarde. Isso ocupava toda aquela tarde interminável do adolescente, não tinha a oportunidade de ficar à toa na vida. Nas sextas-feiras dávamos um jeito de tentar sair mais cedo.No primeiro e segundo anos do segundo grau a grande chateação era aula aos sábados. No terceiro ano também, mas a presença não era obrigatória.

 

Fale um pouco do seu segundo grau. Quais professores ficaram marcados para você?

 

CFR: No primeiro ano eu fui bem, tive dificuldade apenas no final, em Química, o professor era o Fernando. Eu já tinha ficado em recuperação uma vez em Matemática na sétima série, por isso resolvi estudar um pouco mais. O professor de Matemática era o Léo de Abreu, bem como a Teresinha, de Português, o Loureiro, de História, o Gabriel, de Geografia. Eram ótimos professores.No segundo ano fiz um programa de intercâmbio para os Estados Unidos a partir de julho. Então, só fiz metade do segundo ano, em 1983, e voltei no meio de 1984, no meio do terceiro ano.

 

Você acha que o colégio teve alguma influência na sua escolha de profissão?

 

CFR: O meu pendor era para Ciências Humanas. Houve uma semana de formação profissional, quando o advogado Maurício Pinho foi conversar conosco, e o Direito surgiu como uma opção. Eu já tinha uma história de advogados na família. A outra opção foi o curso de Economia. Durante um ano, cheguei a cursar as duas faculdades.

 

Em que ano você fez vestibular?

 

CFR: No começo de 1985. Fiz vestibular para Direito na PUC e na Uerj, e passei. Também passei no vestibular para Economia na Cândido Mendes. Fiquei seguindo o curso de Direito na PUC e Economia na Candido Mendes durante um ano. Depois, acabei trancando Economia e completei o curso de Direito na PUC.

 

Quando você se formou?

 

CFR: Em 1990.

 

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews na sua vida?

 

CFR: Ele é importante porque faz parte de toda a minha vida, da minha família. São poucas as empresas no Brasil que têm 90 anos, dá para contar nos dedos. Para mim, é motivo de muito orgulho fazer parte dessa família, mesmo que nunca tenha querido trabalhar no colégio. Mas o colégio, para mim, é um motivo de muito orgulho, de muita saudade, traz à memória a figura do meu avô, que foi muito importante para mim. Espero vê-lo ainda por muitos anos funcionando e se aprimorando, como sempre foi uma marca do Andrews, seguindo na vanguarda do que se pode fazer com a educação no Brasil.

 

 O fato de você ser filho do Diretor teve alguma influência na sua vida no colégio?

 

CFR: O filho do diretor tem uma tarefa muito árdua que é a de participar da vida do colégio, mas tentando passar nas sombras para não ser apontado como filho do Diretor. Ficar um pouco como camaleão que vai se escondendo entre as carteiras, adotando a cor da parede para não ser muito percebido. Eu sempre fui um aluno mediano, de nota sete, talvez por isso, para nem ter problemas de reprovação, nem chamar muito a atenção pelo êxito.

 

Seus filhos estudam no colégio?

 

CFR: O mais velho, Pedro, foi do Andrews Baby, e está estudando lá.

 

Você viu muito diferença no ensino da sua época para a de seu filho?

 

CFR: Não. Eu o vejo muito confortável e muito feliz no ambiente escolar. Acho que o colégio não mudou no sentido de ser aconchegante até hoje. O Pedro vai para a escola muito satisfeito, e parece um pouco a sensação que eu tinha quando tinha a idade dele. Mas o colégio, sob o ponto de vista do currículo, da educação e das atividades que desenvolve, isso mudou. Hoje, por força dos tempos e da evolução dos problemas do mundo, o colégio está dando ao meu filho ferramentas muito mais sólidas que as que eu tive, ele é exposto a muito mais estímulos do que eu fui.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam. O que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em outubro de 2008?

 

CFR: Eu acho que o Andrews conseguiu, durante esses 90 anos, no aspecto do serviço que ele presta, se manter fiel aos princípios de oferecer uma educação de vanguarda. O colégio sempre buscou reunir pessoas de diferentes tipos e dar uma educação de bom nível, olhando para a frente, para os desafios que a educação apresenta aos seus alunos e aos pais dos alunos. Da minha bisavó para o meu avô, do meu avô para o meu pai, e dele para meus tios, todas as sucessões foram bem feitas.

 

Você quer acrescentar alguma coisa?

 

CFR: Acho que esses 90 anos têm que ser muito comemorados, encarados como uma oportunidade de olhar para o que passou e de pensar no que a família tem que fazer para ajudar a construir pessoas melhores, uma cidade melhor e um país melhor. O colégio tem no seu currículo governadores de estados, senadores, deputados, ainda não deu um presidente, mas quem sabe. Ele pode prestar um serviço de formar homens e mulheres que possam contribuir com o desenvolvimento do Brasil, seja como o mais anônimo dos profissionais, seja como um artista, como um político, ou de qualquer outra forma.

Boa sorte para o colégio.

 

Muito obrigada, Carlos, pelo seu depoimento.

 


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