Felipe Eduardo Alves de Souza

ENTREVISTA COM FELIPE EDUARDO ALVES DE SOUZA

EX-ALUNO E PAI DO ALUNO MIGUEL ARGENTO ALVES DE SOUZA 

 

História no Andrews 

Minha história no Andrews passa por vários episódios. Eu vim para o Andrews, nesta casa da Visconde de Silva, no pré-primário, que era uma série antes do 1º ano do primário. Eu estudava na Fonte da Saudade, em um colégio que acabou, então eu e minha irmã, que é dois anos mais velha que eu, viemos para o Andrews. Já tínhamos uma história com o colégio: meu pai e meus tios tinham estudado no colégio. Meu avô foi da primeira turma do Andrews, um dos primeiros seis alunos da Mrs. Andrews e da Alice Flexa Ribeiro. Minha família – meu avô e minha avó – eram muito amigos dos Flexa Ribeiro. É uma história genealógica. Meu avô era paraense, assim como a família do Pedro Flexa, ambas com uma tendência intelectual. O pai do meu avô tinha um jornal, O País, aqui no Rio, que foi fechado na época de Getúlio Vargas por questões políticas. Cresci ouvindo histórias sobre o Andrews, comparando a época do meu pai com a minha.

Aqui fiquei até o último ano. Acho que entrei em 1967 ou 1968, bem na época do flower power, e só saí para a faculdade. Estudei na Visconde de Silva até o 4º ano primário, depois fiquei na Praia de Botafogo até o 2º ano do 2º grau, e no 3º ano voltei para este prédio na Visconde de Silva. O último ano em que estudei aqui foi 1980. 

Uma empresa completar 100 anos, hoje em dia, é algo extremamente raro. As empresas têm vida curta. O Andrews entrou para um seleto grupo de empreendimentos centenários. Acho que isso aconteceu em função da construção dessa história. Vemos colégios novos em folha, com fundos de investimento proporcionando a contratação de bons professores, mas o que era aquilo dois anos atrás? O Andrews é diferente. Lembro de uma festa de aniversário do colégio, de 75 ou 80 anos, lá na Praia de Botafogo. Eu tinha cerca de 30 anos. As salas estavam todas abertas, e fui visitar as salas onde eu tinha estudado. A única diferença era o ar condicionado – no meu tempo só tinha ventilador de teto –, mas as carteiras ainda eram as mesmas. Sentei-me na carteira em que eu costumava sentar. Estava sozinho, e pensei alto: “eu me sentava aqui”. Um senhor que ia passando disse: “eu também”. Esse foi um momento em que eu tive a noção do tempo: eu fui um adolescente, estudei aqui, agora já sou um adulto, e o mesmo aconteceu com esse senhor. Foi uma cena memorável.

Contato com colegas

Eu sempre fui tímido, na época do colégio. Nunca gostei muito de futebol, fui um outsider nesse sentido, era do grupo que talvez hoje em dia seria o dos nerds. Hoje se formaram muitas tribos, o futebol talvez não seja mais tão predominante. Então, não fui muito gregário naquele período em que poderia ter formado algumas amizades, mas, sem dúvida nenhuma, encontro com amigos. Costumo almoçar com meu companheiro Antônio Juarez. Estou fazendo um projeto com o Luís Otávio Bittencourt, que também estudou no Andrews.

Por que decidiu matricular o filho no Andrews

O Miguel passou antes por dois colégios, mas acabou vindo para o Andrews pela proximidade, pela praticidade, e por acreditarmos que uma escola com uma visão um pouco mais tradicional que a construtivista seria mais adequada. 

O Andrews foi muito bom para ele. No início ele sofreu um pouco com brincadeiras totalmente inadequadas que alguns meninos fazem. Houve um episódio, viemos conversar com a direção, e a escola foi muito parceira, buscou uma solução. Viemos morar perto e o Miguel vinha a pé para o colégio, vários colegas estudam perto, então ele fez uma vivência de bairro, foi ficando com mais autonomia. Agora ele está no último ano, vai se formar no final de 2018.

Importância do Andrews na sua vida

O Andrews sempre foi uma referência no ensino do Rio de Janeiro. Minha história no Andrews foi muito boa. Eu e minha mulher ficamos muito amigos dos pais dos colegas do Miguel, e algumas vezes ouvi críticas a decisões do colégio. Comentei com o Pedro que, apesar de às vezes até concordar, havia um lado meu que se sentia incomodado com isso. Até que um dia eu entendi que aqui é a minha casa, então eram críticas que eu tomava, um pouco, para mim.

O Andrews fez parte da minha vida, acho que o saldo é positivo. Principalmente nos últimos anos, pois percebo que o colégio está entrando em uma nova fase, em um novo ritmo. Fiquei muito satisfeito de ver como há um empenho em ajudar os estudantes a criarem um caminho profissional. A Ana Paula fez um trabalho muito bom. Não sei exatamente quais são os planos do colégio para o 101º ano, mas sinto ares de renovação, de mudança.

Andrews pensa diferente / faz diferença

Acho que a tradição pode ser uma maldição. Deve ser muito difícil para o colégio inventar novas formas de fazer o que era feito de outra forma há 80. Um colégio que está começando agora pode inventar a história que quiser. O Andrews tem esse lastro, que influencia, mas ao mesmo tempo não pode ser jogado fora. Sinto que o Andrews não deixa a tradição ser uma âncora, e sim uma história para contar. Somos o que sempre fomos, e ao mesmo tempo estamos evoluindo.

A impressão que eu tenho é que o colégio está achando um caminho para lidar com as novas demandas, com uma nova realidade. Na escola temos aula da História, mas não uma aula de Futuro. O que vai acontecer se o efeito estufa realmente for tão dramático? O que podemos fazer? Quais são novas as profissões que isso pode trazer? Acho que este é um grande desafio. 

Características que fizeram o Andrews chegar aos 100 anos

O Andrews é um empreendimento de uma família que abraçou a causa da Educação, permeada pela Arte. Acho que isso já faz parte da vida deles. Sempre foi, desde a época do pai, da avó. Acho que isso ajudou. Não conheço ninguém, dos meus contemporâneos, que diga que não foi ouvido pela direção do colégio, ou que tenha tido um problema que não tentaram resolver. Por ser esse empreendimento familiar, o colégio vai além da questão empresarial. Em uma empresa você tem sócios, tem acionistas, e se não estiver dando lucro, fecha. Aqui é a nossa casa, como poderiam fechar? Devemos fazer funcionar. Este compromisso está na origem da própria família. A Ana Carolina é entusiasmada, conversa com todo mundo. O colégio faz parte deles, e isso tem um peso nessa história de sucesso.

O Miguel participou do TACA. Fiquei surpreso de saber que o TACA é totalmente bancado pelo colégio, não é uma aula extra. Por que o colégio faz isso, se não está formando atores? Isso mostra que o colégio acredita que a Educação é importante. A conta tem que fechar, mas percebe-se que o colégio acredita naquilo que se propõe a fazer, e é aberto a críticas. Isso ilustra bem o porquê de esta ser uma história de sucesso. Acho que está no sangue. 

Andrews do amanhã

Eu gostaria de ver o Andrews continuar evoluindo e formando novos cidadãos. Não gostaria de saber que o colégio foi vendido, ficaria muito triste se isso acontecesse. Quem sabe até meu neto irá estudar aqui? 

Lembranças e fatos marcantes

Na Praia de Botafogo, as janelas de algumas salas eram voltadas para o pátio, cobertas por toldos. Quando chovia, subíamos um pouco o toldo, deixando-o dobrado, para formar uma poça, e, na hora do recreio, abaixávamos, dando banhos nas pessoas lá embaixo. Eu ia para a coordenação, ficava retido depois do horário. Meus pais diziam: “você tem que dar exemplo!”. Eu não era dos mais levados, mas todo mundo apronta alguma.

De vez em quando, o Edgar Flexa Ribeiro dava grandes broncas. Ele tinha uma autoridade indiscutível. Os alunos respeitavam. Deve ser difícil controlar centenas de crianças, prontas para aprontar alguma coisa. Tem que ter autoridade. 


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