Fernanda Travassos de Lima

ENTREVISTA COM FERNANDA TRAVASSOS DE LIMA (NOME DE CASADA: FERNANDA LIMA SURERUS DE CARVALHO) 

EX-ALUNA E MÃE DAS ALUNAS LUISA E JOANA LIMA SURERUS DE CARVALHO

 

Trajetória no Andrews / contato com ex-colegas

Entrei no Andrews em 1996, na 8ª série, na Praia de Botafogo. Vim de um colégio com uma linha muito aberta, onde eu tinha sido reprovada. Minha mãe escolheu o Andrews a conselho da mãe de uma amiga que estudava na mesma escola, que também foi reprovada. Viemos juntas e caímos em uma turma que já estava formada, muito unida, e inicialmente me juntei aos repetentes. São pessoas com quem tenho contato até hoje: a Juliana Albuquerque, a Roberta Marques, a Tiaré, que depois se tornou atriz, o Antônio Romero e o Rodrigo Weinberg. Fui muito bem recebida no colégio e mantenho contato com várias pessoas daquela época.

 

Por que matriculou as filhas no Andrews

O que eu idealizava para uma escola, em termos de educação, era que fizesse pensar “fora da caixa”, mas com um certo rigor em termos comportamentais. Encontrei esse meio termo no Andrews, quando vim para cá. Eu achava que eu ia encontrar um colégio rigoroso, porque o objetivo de meus pais era me punir por ter repetido o ano, mas o que encontrei foi uma escola que pensa diferente, que pensa além, à frente do seu tempo, e era isso que eu queria para minhas filhas: uma escola que tivesse uma preocupação não exclusivamente acadêmica, porque acredito que para a formação do ser humano é importante ter aulas de música, de expressão corporal, de artes, de teatro. Meus irmãos também foram do Andrews, então eu nunca perdi o contato com o colégio, pois tenho uma irmã 15 anos mais nova, que se formou aqui pouquíssimo tempo. O Andrews sempre fez parte da minha vida, eu acompanhei a evolução da escola ao longo do tempo. Sabia que o colégio estava de acordo com o que eu imaginava para a formação pessoal das minhas filhas. 

 

Importância do Andrews na sua vida

Depois que eu já tinha saído da escola, durante o período acadêmico dos meus irmãos menores, nós passamos por uma situação delicada, que foi a perda de nossos pais. Meu pai faleceu em 2001 e minha mãe, em 2004. Aos 23 anos, eu fiquei responsável pelos meus três irmãos, e naquele momento, eu tenho certeza, não teria conseguido sem o Andrews. Foi o colégio que recebeu minha irmã, que tinha nove anos quando minha mãe faleceu. Eu tinha acabado de entrar no mundo corporativo, tinha que lidar com uma situação financeira complexa, e o Andrews deu o curso dos meus irmãos, até o final. Para mim, essa ideia de família, de acolhimento, de amizade, foi só uma das atitudes que representa o que eu gostaria de transmitir para as minhas filhas.

 

Andrews pensa diferente / faz diferença

É uma escola que acompanha, na medida do que eu considero certo, os avanços tecnológicos, sem privilegiar um pensamento apenas operacional. Para mim, o mais importante que o Andrews tem é a visão humana. O projeto anual do Andrews, que traz a cada ano um tema, faz com que se crie uma unidade entre as disciplinas, desde a Educação Física até a Matemática, História, Ciências. Isso, para mim, é pensar a Educação de uma forma integrada.

 

O que fez o Andrews chegar aos 100 anos

Acho que foi justamente por pensar diferente, à frente do seu tempo, que o Andrews chegou onde as outras não conseguiram chegar: ou por pensarem que o lado acadêmico era mais importante, ou que a tecnologia era o mais importante, ou que ser bilíngue era mais importante. Como o Andrews coloca o ser humano em primeiro plano, ele não terá dificuldade para chegar aos 200 anos. A preparação do ser humano é muito mais do que uma prova de vestibular. Minha mãe dizia que a escola tem que ser uma extensão da nossa casa, e é assim que eu me sinto no Andrews. Minhas filhas já criaram laços além da escola, com as famílias da turma. Nos encontramos com as crianças e os pais, como se fôssemos uma família única. Isso, para mim, cria laços que tornam a escola uma escola, efetivamente.

 

Andrews do futuro

Eu espero que o Andrews continue colocando o ser humano em primeiro lugar, sem esquecer das regras do sistema de ensino brasileiro; que continue sendo uma escola democrática, proporcionando a liberdade de escolha das crianças e dos pais; que todos se sintam incluídos, independente de suas escolhas políticas, sociais, econômicas.


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