Jorge Eduardo Alves de Souza

ENTREVISTA COM JORGE EDUARDO ALVES DE SOUZA

EX-ALUNO, PAI DE EX-ALUNOS E AVÔ DO ALUNO MIGUEL ARGENTO ALVES DE SOUZA 


Trajetória no Andrews

Entrei no Andrews em 1942, no Jardim de Infância, aos seis anos. Saí no final do científico.

Contato com ex-colegas

É muito difícil. Espero encontrar com alguns na festa dos 100 anos do colégio. O Marco Tomassini foi o colega que me acompanhou, mas ele já faleceu. Estudamos desde os tempos do ginásio – tenho uma foto com ele, os dois de calças curtas – e entramos juntos na faculdade.

Por que matriculou os filhos no Andrews

Pela qualidade do colégio. Sempre quis que meus filhos tivessem a mesma qualidade de ensino que eu tive. Além disso, o colégio sempre foi muito liberal. Embora, é claro, houvesse certas regras, como toda instituição de ensino. Uma delas era o uniforme, que incluía um paletó de botão. Nos meses de março e abril, aquele calor, ninguém usava o paletó.  Ficávamos de camisa branca e calça cáqui. Alguns alunos mais criativos descobriram um meio de dobrar o paletó de um modo que ele ficava do tamanho da pasta dos livros. Eu amarrava com o cinto. Só os alunos mais “caxias” usavam o paletó.

A partir de uma determinada época, o castigo para quem se comportava mal era ficar de paletó o dia todo. Que sofrimento. Em uma dessas ocasiões, tivemos uma aula de educação física, cujo uniforme era um calção, uma camiseta e o tênis. Alguém teve a ideia de vestir o paletó por cima do calção. Parecia que estávamos sem calção. Quando o diretor viu... 

Importância do Andrews na sua vida

O Andrews era minha segunda casa. A presença do colégio na minha infância é muito forte. Foi onde recebi uma formação de caráter e de cultura: os professores, na parte educacional, e os coordenadores e diretores na disciplina. O que aprendi no colégio foi cultura e disciplina, o que me é útil até hoje.

Andrews pensa diferente / faz diferença

Eu não tenho como comparar, mas pelo que acompanho, eu vejo meu filho e meu neto como cidadãos formados pelo colégio. A verdade é essa.

Por que o Andrews chegou aos 100 anos

Em primeiro lugar, uma boa administração. Estamos vivendo tempos de desonestidade em todos os aspectos da civilização brasileira, a ponto de o sujeito não respeitar um sinal de trânsito. Ao mesmo tempo, o colégio sempre foi muito liberal. Sou do tempo da administração do Carlos Flexa, pai do Edgar, da Verinha, do Carlos Roberto e do Pedro. São pessoas que deram continuidade à instituição.  Poderiam não ter seguido, mas a família se fechou na administração do colégio.

Lembranças e fatos marcantes

Eu sempre gostei de desenhar. Às vezes passava as aulas desenhando aviões. Até 1945, o mundo era dominado pelas notícias da II Guerra Mundial. As pessoas doavam objetos de alumínio para o "esforço de guerra". Perto da minha casa havia um “pirâmide” de objetos doados. Eu fui lá, com grande sentimento de patriotismo, e botei uma estaçãozinha do meu trem elétrico. Contribuí para o esforço de guerra! 

Já no tempo de adolescência, minha família morava na Avenida Rui Barbosa, e eu ia de bicicleta até o colégio, na Praia de Botafogo. Quando terminava a aula, às quatro e meia, eu saía de bicicleta junto com um amigo que morava na Glória, e íamos pelo contorno, na avenida Beira-Mar, onde havia uma calçada contínua até o aeroporto. Ficávamos na cabeceira da pista para ver os aviões pousarem e decolarem. Um dia, em um jantar de família, eu disse: “vou ser piloto!” Mas mamãe era da época de Santos Dumont, dos pioneiros da aviação, e tinha medo. Ela me disse: “tire isso da cabeça. Não se fala mais nisso.” Assim, entrei para o científico já visando a arquitetura, que era a profissão do meu pai.

Naquela época, o colégio fazia uma avaliação vocacional. Mas minha verdadeira vocação, a pintura, só descobri muito depois. Muitas vezes, durante as aulas, eu fazia caricaturas. Certa vez, fiz uma caricatura do professor Amado, que era durão, desenhada a giz, na mesa dele. O professor entrou na sala, todos os colegas sabendo da caricatura, a sala naquele silêncio... ele perguntou: “quem fez isso?” Eu estava sentado atrás da sala, e levantei o dedo, muito humilde. “Parabéns, está muito bom.” Foi um alívio. A oportunidade de ser pintor surgiu quando eu tinha 45 anos.  Fui mandado embora da empresa onde eu trabalhava, e durante mais de um ano me sustentei com o fundo de garantia. Passei a fazer pinturas por encomenda, capas de livros, depois fiz a primeira exposição. Eu pintei esse quadro da bandeira do Brasil que fica na recepção do colégio. É uma réplica do meu quadro que hoje está na entrada do Palácio do Planalto. Pintei para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na época, ficava na sala de briefing.

Na época do meu filho Felipe, quando eu ainda trabalhava com publicidade, o colégio fez uma reunião com profissionais e eu fui convidado. O auditório estava cheio, a garotada muito ansiosa, na expectativa de grandes revelações. A organizadora do evento, que era uma das alunas, me disse: “você tem que falar sobre a sua profissão em cinco palavras”. Como falar de uma profissão em cinco palavras? Quando chegou a minha vez, eu disse assim: “publicidade é um tremendo barato”.  A garotada gostou, foi na linguagem deles. 


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