Maria Isabel Lacerda

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Maria Isabel Lacerda

Rio de Janeiro, 14 de março de 2008

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando nasceu?

 

BL: Nasci no Rio de Janeiro em 16 de agosto de 1966.

 

Quem foram seus pais?

 

BL: Sebastião Lacerda e Vera Flexa Ribeiro.

 

Qual a profissão deles?

 

BL: Meu pai é advogado de formação, mas hoje em dia é editor. Minha mãe era dona de casa e hoje é diretora de escola.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

BL: Fiz o maternal no Eunice Cardoso. Depois fui para o Centro Educacional da Lagoa – CEL, onde fiquei do jardim de infância até o segundo ano primário.

 

Quando você foi para o Colégio Andrews?

 

BL: Aos oito anos. Como eu estava muito nova para ir para o terceiro ano, repeti o segundo primário no colégio.

 

Você se lembra desses primeiros tempos no colégio?

 

BL: Era na Visconde Silva, tinha um campão na frente, as palmeiras. Para mim foi muito diferente porque o Andrews era enorme em comparação com o CEL. Além disso, tinha que me adaptar à situação de ser filha da dona. Minha mãe começou a trabalhar lá logo depois que eu entrei. Eu era muito insegura, achava o colégio enorme, não conhecia ninguém.

 

E de seus colegas, você se lembra?

 

BL: Minha melhor amiga, madrinha da minha filha, é dessa época, a Maria Luísa Macedo. No inicio eu não estudava na turma dela, e sim na da Maria Vitória Fernandes Saldanha. As duas eram líderes de suas respectivas turmas. Na terceira série juntaram as duas. A partir de então, comecei a gostar muito da escola. Tenho colegas que são desde essa época até o final do terceiro ano, como o Roberto Biclan, meu primo Salvador Cícero, a Maria Luísa.

 

E dos professores, quais que você se lembra?

 

BL: Tia Arminda, tia Olga e tia Edith foram mais presentes. Depois a Salvadora ,de Ciências, que foi muito importante quando resolvi ser bióloga. Gostava também da Iaci, de Geografia. Passei dos 12 aos 18 anos com certeza absoluta do que eu ia fazer da vida. Quando entrei na faculdade, vi que não era nada daquilo que eu queria.

 

Quando você foi para a Praia de Botafogo? Como foi essa mudança?

 

BL: Na sétima série. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Era um ritual de passagem. Na Visconde Silva eu tinha que voltar com a minha mãe para almoçar em casa. Além disso, como não tenho o sobrenome da família, quando fui para a Praia ninguém sabia quem eu era. Passei um ano comprando meu lanche, entrando na fila da cantina.

 

E seus professores dessa época, quais ficaram mais marcados para você?

 

BL: A sétima série foi complicada. Entrei em uma turma de muitos repetentes. Até porque ninguém me conhecia, eu podia aprontar, me sentia à vontade para ser rebelde. Lembro da professora Orquidéia, de História, foi um trauma. Por causa dela, acabei tendo aula particular. Lembro também do professor George, que era o coordenador, e da Antonieta, que era o máximo, tínhamos que levantar quando ela entrava na sala. Mais tarde teve o Léo, de Matemática, de quem eu gostava muito, e também a Penha, de Química, a Penha, de Biologia, o Paulinho, de Química.Nunca fui muito boa aluna, mas também não fui péssima. Era na média.

 

Você foi fazer vestibular para Biologia em qual faculdade?

 

BL: Eu não ia fazer vestibular para a PUC, porque não tinha Biologia, mas minha mãe insistiu. Então resolvi me inscrever para Letras. Passei em 20º lugar para Letras e tranquei a matrícula. Em três meses, abandonei também a faculdade de Biologia da Santa Úrsula e fui fazer Letras. Logo depois comecei a trabalhar na Editora Nova Fronteira, o que atrapalhou bastante meus estudos.

 

Você chegou a concluir a faculdade?

 

BL: Não. Eu trabalhava na editora e, na verdade, não existia nenhuma faculdade que pudesse me ajudar. Eu passei a vida inteira lendo muito. Eu queria morar sozinha, e para isso tinha que trabalhar o dia inteiro. Hoje me arrependo de não ter concluído, não para dar aula, mas para poder fazer uma pós-graduação em outra coisa. Faria em Administração, para ter uma empresa. Ou você administra, ou não vai dar certo.

 

Hoje em dia, o que você faz?

 

BL: Eu morei duas vezes nos Estados Unidos, e lá comecei a trabalhar em uma editora eletrônica especializada nas áreas de Literatura e História, onde continuo trabalhando com edição de coleções da literatura de minorias, mulheres latino-americanas, literatura caribenha, literatura do Sul da Ásia. Lido com uma editora do Senegal e posso usar o Francês que aprendi no colégio.

 

Você se lembra de algum fato engraçado ou curioso da sua época do Andrews?

 

BL: Teve a greve do dia da criança. Foi muito engraçado, ninguém subiu depois do recreio. Mas foi só aparecerem o professor Aluísio e o tio Edgar e saiu todo mundo correndo para as salas. Eu nunca participei muito dessas coisas por razões óbvias.

 

Como era o Edgar como diretor?

 

BL: Na verdade, ele só foi à minha sala uma vez dar uma bronca, e justo naquele dia eu tinha faltado. Eu realmente tentava passar despercebida, nunca me envolvi muito. Certa vez tive uma discussão com a professora de Francês, fui para a coordenação, fui suspensa e perdi uma prova.

 

Você achava que o fato de ser filha da dona pesou muito para você?

 

BL: Não era pesado até porque eu não batia de frente. Não me incomodava muito.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews na sua vida?

 

BL: Quando entrei na faculdade, meu pai disse que os amigos da faculdade são para a vida inteira. Eu não tenho nenhum. Já o Andrews era a minha casa, e não porque era da minha família, meus colegas sentiam isso. Todos os meus amigos são da época do Andrews. Tudo que sei, aprendi no Andrews, foi a minha base. Tive bons professores, como a Teresinha, de Português, que representava os poemas de Fernando Pessoa. Hoje em dia eu vejo a importância de os professores gostarem do assunto que ensinam.

De uns tempos para cá muitos colégios fecharam. O que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em outubro de 2008?

 

BL: Acho que é um bom colégio em todos os sentidos. Dá uma boa base. É um colégio que tem essa relação de afetividade, há ex-alunos que colocam lá os seus filhos. Eu estudei com filhos de colegas da minha mãe, que tinham sido filhos de colegas de meu avô.

 

Sua filha estuda no Andrews?

 

BL: Ela estudou até irmos para os Estados Unidos. Passou quatro anos se lamuriando de saudades dos colegas do Andrews. Nas férias, quando vínhamos para cá, ela ia para o recreio do colégio. Quando voltamos, há dois anos, ela teve certa dificuldade por falta de base, era um ensino diferente, e começou a pesar o fato de ser neta da dona. Ela saiu e foi para outra escola.

 

Muito obrigada, Bel, pelo seu depoimento.

 


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