Maysa Lacerda Freire

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Maysa Lacerda Freire

Rio de Janeiro, 4 de abril de 2008

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Quando e onde você nasceu?

 

MLF: Nasci no Rio de Janeiro, no dia 3 de agosto de 1940.

 

Quem foram seus pais?

 

MLF: Suy Vianna Freire e Elvira Lacerda Freire. Meu pai é advogado de formação, mas se dedicou à Câmara dos Deputados, onde foi taquígrafo e acabou Diretor geral, e ao Liceu de Artes e Ofícios, que consideramos o sexto filho. Ele se dedica até hoje ao Liceu como Presidente da Sociedade Propagadora das Belas Artes, e ele fará no dia 19 de maio 105 anos.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

MLF: No Colégio Parisiense, que funcionava na Pinheiro Machado. Depois fomos para o Andrews.

 

Quando você foi para lá?

 

MLF: Fiz no Andrews todo o curso Ginasial e o Clássico.

 

O que você se lembra desses primeiros tempos no Andrews?

 

MLF: Eu era muito tranquila, não era uma menina levada. Era boa aluna, estudava bem. Uma pessoa inesquecível para mim é a Guilhermina. Ela era dura, não brigava, mas era muito justa. Ela sabia contemporizar qualquer situação de qualquer aluno. Eu tenho uma lembrança dela excelente.

 

Quais outros professores ficaram marcados para você?

 

MLF: O Maia. A Aparecida, de Português. A professora Margarida. O Ataíde, de Geografia. O Vitor Nótrica, de Química. O Ciro, de História. O Mário de Assis, professor de Matemática. Muita gente. A mrs. Perla mora na minha rua. Eu tinha uma guerra com o Inglês. Tinha muita gente boa, e eu me dava bem porque era boa aluna.

 

Como foi seu curso Clássico?

 

MLF: Eu me lembro muito das aulas de espanhol, que gostava muito. De latim, que hoje ninguém mais estuda, e faz falta. Minha dificuldade sempre foi na área das exatas, Química era uma guerra, mas nunca repeti nem fiquei em segunda época. Eu era boa aluna, tanto que fui fazer vestibular muitos anos depois e passei, sem fazer cursinho nenhum. Eu fui para a Itália e não engrenei logo na faculdade.

 

Você  fez vestibular para que?

 

MLF: Pedagogia na UFRJ. Depois fiz mestrado em supervisão educacional também na UFRJ, sem a menor dificuldade.

 

Você acha que o colégio teve alguma influência na sua escolha profissional?

 

MLF: Talvez sim. Meu pai é um educador nato. A educação é muito presente em nossa família. Mas certamente que sim porque a Guilhermina é uma referência para mim como educadora; ela sempre foi uma referência. Acho que o Andrews me passou muita seriedade. Eu não me lembro de nenhuma escorregadela de um professor. No meu tempo tinha muita gente com nome importante e eu não me lembro de privilegiar um aluno por outro.

 

E de seus colegas, você se lembra?

 

MLF: O Antenor Rangel, que perdi de vista. Eu tive um amigo com quem, volta e meia, brigava muito porque ele era muito posudo. Hoje é um advogado. A Simone Michelman, a Beth, Mas a gente se encontra muito pouco. Não tenho mais contato. O Edgar Flexa foi meu contemporâneo.

 

Quando você começou a trabalhar no Andrews?

 

MLF: Foi em 1972, como orientadora educacional, e fiquei até 1980.

 

E que turmas você pegou?

 

MLF: Hoje seria o Ensino Médio. Peguei um grupo maravilhoso que foi o Miguel Falabella, Bia Nunes, Maria Padilha, Luis Felipe.

 

Quando você começou a trabalhar o dr. Carlos era o Diretor?

 

MLF: Sim.

 

Você tinha contato com ele?

 

MLF: Tinha muito contato, porque inclusive eu tinha sido aluna.

 

 

 

 

Como era o seu contato com os professores?

 

MLF: Tínhamos ótimos professores. A Margarida, o Chico Alencar – com quem até hoje me dou muito bem. Eu não tinha problema com professor, tinha num bom relacionamento com eles.

 

Você acha que tinha alguma diferença na orientação educacional do Andrews para os outros colégios?

 

MLF: Tinha. Nós criamos a Semana Ocupacional. Convidávamos profissionais de todas as áreas para conversar com os alunos. Isso ajudava muito aos alunos, foi algo pioneiro no Andrews. Dava muito trabalho, mas valia a pena. Os alunos se envolviam, era muito interessante. Me lembro que o Falabella já era diretor do teatro amador do colégio e o pai dele, arquiteto, foi me procurar para tirar da cabeça dele a ideia de se meter no meio de teatro. Eles eram de uma família tradicional. Eu falei: “não adianta tentar tirá-lo desse meio porque ele já está. Depois de um tempo eu encontrei esse pai batendo palmas para ele nos teatros. Levávamos para essa semana o que havia de melhor.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews na sua vida?

 

MLF: Foi um marco na minha vida. Não só na minha como da minha família inteira, pois três famílias do nosso núcleo familiar foram de lá: os Pessoa Alvim, os Souza Leite e os Lacerda Freire. Todos nós fomos alunos de lá, menos a minha irmã mais moça. O Andrews tem uma referência para a família muito grande.

 

O que você fez depois que saiu do Andrews?

 

MLF: Fiz mestrado em supervisão e depois fui dar aula no Centro de Estudos do Exército. Dei aula em faculdade. Hoje eu dirijo a faculdade do Liceu, que funciona à noite.

 

Como se chama a faculdade?

 

MLF: Faculdade Bittencourt da Silva. Lá recebemos uma população de baixa renda que estuda à noite. É um trabalho interessante porque se tem um retorno de uma gente que trabalha duro o dia inteiro para estudar a noite. Você resgata um aluno que tem uma defasagem de até 20 anos de estudo.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam. O que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em outubro de 2008?

 

MLF: Acho que é a seriedade. Eu nunca senti pressão nenhuma. Isso para mim é seriedade. No fundo as pessoas buscam isso. Um ensino de boa qualidade, sempre foi. Os professores trabalharam direito.

 

Muito obrigada pelo seu depoimento.

 

 


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