Projeto Andrews 90 anos
Entrevista com Arthur Otávio Kós
Rio de Janeiro, 5 de março de 2008
Entrevistadora Regina Hippolito
Onde e quando o senhor nasceu?
AOK: Nasci no Rio de Janeiro, em 27 de junho de 1932.
Quem foram seus pais?
AOK: Meu pai era José Arthur de Carvalho Kós, médico e professor universitário, e minha mãe Eunice da Cruz, do lar.
Onde o senhor fez seus primeiros estudos?
AOK: Fiz o Jardim de Infância no Colégio Franco-Brasileiro, que funcionava na rua Figueiredo de Magalhães. Depois estudei um pouco em casa. Fiz o segundo e terceiro ano primário no Colégio Pitanga, que era da Maria Luíza Pitanga, educadora, e ficava na Praça Serzedelo Correa. Estudei o quarto ano e metade do quinto no Colégio Santa Rosa de Lima. No meio do quinto ano fui para o Colégio Andrews, onde fiz o Admissão e só saí no terceiro ano Científico, em 1951.
O senhor se lembra dos primeiros anos no Andrews?
AOK: Saí do Colégio Santa Rosa de Lima, que era uma escola pequena, e fui para o Andrews, muito maior, um outro tipo de colégio, mas gostei muito. Eu tinha um primo que já estudava no Andrews, Sérgio Kós Chermont de Brito, e essa foi uma das razões de eu ter ido para lá. Nós dois morávamos na rua Santa Clara, em Copacabana, pegávamos um bonde e íamos para o colégio na Praia de Botafogo. Além disso, meu pai, que era paraense, conhecia a família Flexa Ribeiro.
Quais os professores que mais marcaram?
AOK: No primeiro ano, lembro bem da Guilhermina Sette, mantenho contato com ela até hoje, e da Juraci, que era professora de Português. Havia também o professor Godofredo, de Inglês, o Maia, de Matemática, o Lizt Perroni, de Desenho e o Edgard Azevedo, de Geografia.
E dos colegas do Ginásio, o senhor se lembra?
AOK: Sim, o Armando Klabin, Silvio Leite, Flávio Diniz, Cláudio Costa Neto, Maria Elisa Gama Horta, do Científico. Com alguns ainda mantenho contato.
O senhor fez o curso Científico?
AOK: Fiz. Dessa época eu me lembro dos professores de Matemática, o Ramalho Novo, e de Física, o Shelter, e do Motta Paes, que era o supervisor.
O colégio teve alguma influência na escolha da sua profissão?
AOK: Não, foi de família. Meu pai era médico otorrino e queria que eu fosse também. Eu gostava, sempre que podia eu o acompanhava quando ele ia ao hospital.
O senhor se lembra de algum fato engraçado ou curioso dessa época?
AOK: O Armando Klabin era todo certinho, tudo dele era arrumadinho. Uma vez, quando estávamos no quarto ano ginasial, eu tinha levado de merenda um sanduíche de goiabada, nós tiramos a goiabada e pusemos no meio do caderno do Armando. Ele ficou uma fera, fomos todos nós para a sala do Motta Paes.
Um dia no Científico, eu estava comendo um lanche que vinha embrulhado em papel celofane, no corredor esperando começar a aula. Um colega pediu um pedaço, eu botei tudo na boca e joguei o papel melado no rosto dele; ele soltou um palavrão alto, nós dois fomos para a coordenação e fomos suspensos dois dias.
Em sua época, o doutor Carlos era o diretor? O senhor tinha contato com ele?
AOK: Tanto ele quanto a Maria Helena foram meus pacientes. Mas na época do colégio eu não tinha contato. Ele conhecia o meu pai, qualquer coisa que acontecia comigo meu pai ficava sabendo. Quando fui para o Andrews, ainda estavam lá a Mrs. Andrews e a dona Alice. Depois elas se afastaram e entrou o doutor Carlos, que era moço na época, devia ter seus 40 anos.
Qual foi a importância do Colégio Andrews em sua vida?
AOK: Grande parte da minha formação moral e intelectual eu devo ao Andrews, sem dúvida nenhuma. E é com prazer que digo isso.
O meu filho mais velho estudou lá desde o Primário até o terceiro ano Científico. Ele hoje é professor de arquitetura da UFRJ. Tenho dois filhos homens e cinco mulheres, são sete ao todo. Os meninos foram do Andrews desde o Primário, e as meninas foram do São Patrício até o quarto ano Ginásio, porque não tinha Científico, depois duas delas foram do Andrews.
O senhor sentiu alguma diferença do ensino da sua época para o da época dos seus filhos?
AOK: Não teria condições de dizer, mas meus dois filhos passaram para a UFRJ, e eles estudaram no Andrews desde o Primário.
De uns tempos para cá muitos colégios fecharam. O que o senhor acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em outubro de 2008?
AOK: Ele vai fazer 90 anos porque teve uma boa administração nesse período todo.
Quando o professor Carlos Flexa Ribeiro foi se aposentando, já estava com os filhos, o Edgar, o Carlos Roberto e a Verinha, tomando conta da escola, auxiliados pelo Motta Paes, pelo Edgard Azevedo e pelo professor Aluísio, que tinha sido meu professor de ginástica no ginásio.
O Edgar e o Carlos Roberto, que são mais ou menos da idade dos meus filhos, assumiram a direção. A Verinha também foi colega de uma das minhas filhas. Essa continuidade da família é importante. Uma família bem orientada é que deu ao colégio essa vida longa.
O senhor quer acrescentar alguma coisa?
AOK: Eu fui a um aniversário do colégio na Praia de Botafogo, acho que eram os 70 anos. Gostei muito de rever ex-professores e outros colegas que eu tinha perdido o contato. E também me lembro de uma solenidade de aniversário do colégio que foi no Hotel Glória.
Muito obrigada pelo seu depoimento.

Arthur Otávio Kós
90 anos do Colégio Andrews